Olá
leitores, depois de um tempo adormecido voltei com o quadro de entrevistas aqui
no blog. Eu tentei realizar essa entrevista em vídeo, porém por
incompatibilidade de agendas não foi possível, mas garanto a vocês que está
interessante e divertida.
A
entrevistada dessa vez é a atriz/jornalista Camila Yahn, a conheci no meu 1°
ano de faculdade em São Paulo quando recebi uma bolsa para participar do Pense
moda, um ciclo de palestras que propõe discutir a moda sob a ótica do intelecto
mostrando que o mercado é muito mais que semanas de moda ou revistas
especializadas. Na ocasião eu um caipira do interior fiquei maravilhado já que
no evento que além dela conta com Barbara Bicudo e Marcelo Jabur na
organização, tive contato com a visão de Mariano Vivanco, Nicola Formichetti
bem antes de Lady Gaga, Mandi Lennard e Henry Holland. Vocês leitores podem
imaginar a bomba de informação que isso criou na minha jovem mente não é?
|
Camila Yahn |
Pois
bem, depois daquela ocasião a encontrei esporadicamente nos SPFW da Vida, ela
já como editora de conteúdo do Fashion Forward (FFW) depois de ter trabalhado
com Erika Palomino, Alcino Leite Neto, Joyce Pascowitch entre tantos outros, a
introdução ficou bem longa, mas precisava compartilhá-la com vocês, portanto
agora conheçam a criativa Camila Yahn.
Desde já agradeço a ela por ter
disponibilidade para responder a entrevista.
1
– Camila, como disse na abertura conheço você a bastante tempo, mas nunca te
perguntei como você iniciou na carreira de moda? Isto é você fez artes cênicas,
morou em Londres e tudo mais, porém em que momento a moda entrou na sua vida?
Foi através da
noite. O ritual de se arrumar para sair a noite, em festas estranhas, novas e
divertidas, onde todos se vestiam de maneira original e totalmente livre.
Depois em Londres, essa questão ainda foi mais acentuada, pois todo mundo se
montava para valer. Conhecer o Nicola também me deu a perspectiva de moda como
trabalho, mas isso eu só fui perceber depois, pois éramos todos muito jovens.
Quando voltei ao Brasil, a Erika me convidou para trabalhar com ela e então a
moda não era mais apenas diversão, mas uma nova carreira.
2
– Você já trabalhou com nomes importantes como Erika Palomino da L’Officiel
Brasil, Alcino Leite Neto da Folha e Joyce Pascowitch, quais as lições você
levou para sua vida profissional? E qual a principal diferença você sentiu
entre essas experiências?
Tive muita sorte
de ter trabalhado com todas essas pessoas. Erika me ensinou muito e foi uma
pessoa muito generosa quando me recebeu nem eu ter nenhuma experiência. Alcino
foi uma faculdade, aprimorou meu texto, evoluí muito nos quatro anos que tive o
prazer de estar próxima dele. Joyce a mesma coisa, tem uma energia, uma cabeça,
uma rapidez para decidir as coisas, ter ideias, achar soluções... Não posso
compara-los, todos foram fundamentais para o meu aprendizado, que ainda
continua.
3
– Você já assinou uma coluna no Glamurama e atualmente é editora de conteúdo do
portal FFW (mídia oficial da SPFW) o que mudou de um veículo para outro? Quais as principais diferenças?
O Glamurama é um
site de variedades, com grande foco na cobertura social de eventos. O FFW é um
site de moda, com um olhar específico sobre o assunto.
4
– Seu início foi trabalhando mídia impressa (Folha de São Paulo) em que momento
sua carreira migrou para a mídia online?
Quando fui
trabalhar com a Erika, ela me contou que logo iria abrir um site com o seu
nome. Mas na época eu era só assistente da Erika, ainda não escrevia. Pouco
tempo depois, caiu uma entrevista com a Carol Ribeiro nas minhas mãos. Lembro
que fiquei com o maior frio na barriga, rsrsrs. Essa entrevista foi para o site
a para a Folha. E, aos poucos, eu comecei a escrever e a participar cada vez
mais dos textos do site e do jornal. E peguei gosto pela coisa, rsrsrs. Mas
recebia muito feedback da Erika e de todos que trabalhavam com a gente, então
fui muito bem orientada sempre.
|
Camila Yahn e Terry Richardson |
5
- Durante um período você também teve um blog onde postava de tudo um pouco
acredita que isso te auxiliou na carreira profissional? De que maneira?
O blog foi só a
plataforma que eu encontrei para compartilhar as coisas que me inspiravam ou
que faziam parte do meu dia-a-dia. Não acho que tenha me auxiliado
profissionalmente. Talvez, mas nunca o fiz por pensando nisso. Era apenas uma
maneira das pessoas me conhecerem, entenderem meu ponto de vista sobre as
coisas... Foi algo muito despretensioso e gostoso na época.
6– Já faz algum tempo você criou em parceria o
Pense Moda, qual foi a sua inspiração para montar o evento? Acredita que faltam
discussões profundas sobre a área de moda no Brasil?
A ideia foi criar
um espaço em que profissionais da moda pudessem se encontrar para conversar,
trocar ideias e pontos de vista. Há pouco diálogo na moda, as pessoas não
conversam, apenas competem. Acho que faltam canais para discussões e revisões
de assuntos que atrasam diversas áreas da indústria.
7
– Comenta-se muito a falta de ética na mídia online, inclusive foi tema de uma
mesa no Pense Moda de 2012 qual a sua opinião sobre esse assunto? Acredita que
de fato falta transparência nesse tipo de mídia?
Acho que é um
assunto novo. Blog é uma coisa relativamente nova e as pessoas ainda estão
experimentando nessa plataforma. Não há regras estabelecidas. Há regras
estabelecidas no jornalismo, mas a maior parte das blogueiras não é jornalista,
portanto desconhecem essas questões ou usam o fato de não serem para passar
batido por elas. Então, quando acontece um caso como os de anúncio velado, é
importante porque coloca parâmetros, regras, ética, etc. Todos vão aprendendo e
o negócio vai se profissionalizando conforme as coisas vão acontecendo.
8 – Acabamos de terminar a SPFW que esse ano foi um pouco mais compacto com
poucos lounges e ausência de algumas grifes participantes, como você analisa o
esgotamento da moda no sentido de desinteresse público?
Não acho que
tenha um esgotamento muito menos desinteresse do público. A moda brasileira
está passando por uma fase de adaptação por conta do novo calendário e os
eventos estão mais enxutos porque algumas marcas não conseguiram se organizar
para essas novas datas. E o fato de haver menos lounges, pois os eventos
estiveram menores nessas duas últimas edições, faz com que a semana tenha foco
na indústria da moda, ou seja, a maior parte das pessoas presentes está ali a
trabalho, está envolvida com aquilo de fato. Mas o público continua amando e
acompanhando a moda, nós percebemos isso com a nossa transmissão ao vivo de
desfiles, que é acompanhada por muita, muita gente, no Brasil inteiro.
9 - Trabalhando há bastante tempo no mercado de moda acredita que será necessária
uma reestruturação, para a moda voltar a ser interessante para o público leigo?
Como profissional você enxerga novos caminhos para esse mercado?
A moda já está
passando por essa restruturação e acho que o público leigo não está muito
preocupado com isso. Eles querem ver belas fotos, produtos e serviços legais
todos os meses nas revistas. Acho que o mercado editorial poderia crescer e
receber mais revistas novas, com propostas diferentes das que existem hoje.
|
Barbara Bicudo, Marcelo Jabur, Mariano Vivanco, Nicola Formichetti, Camila Yahn e Mandi Lennard |
Perguntas
dos Leitores:
1 - Como é ser curadora do Pense Moda? – Nathalia
Regina Benedetto (Hoje Vou de Melissa)
É uma delícia,
mas dá o maior trabalho. Somos uma empresa pequena, fazemos tudo sozinhos,
algumas respostas demoram a surgir, as pessoas mudam de ideia, tem demandas
especiais. É difícil decidir sozinha os temas de todas as palestras também. Mas
ao mesmo tempo, conhecemos pessoas muito bacanas, vivemos momentos legais e o
evento rende conversas e discussões.
2
- Que dica você daria as pessoas que possuem blogs na área de moda? - Nathalia
Regina Benedetto
Seja original. Não faça o que todo o
mundo está fazendo, procure um novo caminho e seja a melhor dentro da sua
opção.
3
- O FFW sempre é rapidamente atualizado, como a equipe se organiza para
cobertura dos desfiles? - Nathalya Colacique (Le Colacique Blog)
Nós fazemos uma
reunião de pauta com toda a equipe antes do evento, assim todo mundo chega lá
já sabendo de suas tarefas. Mas muita coisa acontece na hora, então minha
equipe está sempre preparada para trabalhar com imprevistos. Todo mundo tem que
ser rápido e antenado, pegar as coisas no ar! Não podemos deixar nada passar
batido.
4
- Que revista você acha que é a bíblia feminina, que nenhuma mulher pode deixar
de conferir? – Nathalya Colacique (Le Colacique Blog)
Puxa, difícil.
Acho que algumas revistas juntas compõem uma revista perfeita. Aqui no Brasil,
gosto da Mag, Harper´s Bazaar e TPM. A Glamour também tem feito um trabalho
legal, mas para uma faixa etária abaixo da minha. De qualquer forma, tenho
gostado bastante.
|
Marcelo Rosenbaum, Camila Yahn e Alexander Fury (L.O.V.E Magazine) |