segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

A Consolidação de um Projeto

2013, um ano marcante e importante.


            Além de fazer dois anos que estou com o blog, esse ano foi muito significativo para mim profissionalmente. Seguindo o exemplo de Liliane Ferrari esse post é em 1° pessoa e tem uma forte carga pessoal afinal é uma retrospectiva.

            Se fizesse um balanço desse ano seria mais ou menos uma versão cômica e menos fashion de O Diabo Veste Prada, trabalhei muito esse ano entrevistei muitas pessoas inclusive comecei o ano com Liliane, vocês não tem ideia de como ela é a pessoa mais incrível e divertida da internet e da moda justamente por não ser “it” enjoada como umas e outras por ai. E entrevistei também a Titia Shame a justiceira da internet! Foi um prazer imenso gravar em um sábado a tarde no bosque do Brooklin, ela vai escrever um livro vocês sabiam? Estou na fila para comprar já!


            Falando em livros esse foi um ano que escrevi sobre eles diversas vezes, destaque para o Moda intuitiva da Cris Guerra um ótimo não manual fashion. Acreditam que a conheci sem querer na SPFW e ela se lembrou disso? Morro de rir até hoje! Teve também sobre o book de tendências da ABEST, não é um livro propriamente dito, mas acaba sendo uma ótima fonte de pesquisa já mostra um Brasil autêntico e único.

            Além do blog eu fui parar na TV, é isso mesmo, mas a vida dá uma lição na gente às vezes não é? Fui achando que era uma coisa, entretanto era outra completamente diferente! Aprendi muito sim e também confirmei a teoria de que fofoca e moda não se bicam, se perdi por um lado ganhei por outros tantos, fui ver a MOVE! Na companhia de Rose Andrade, The Little Black Jacket em duas oportunidades onde observei coisas que não havia captado.

            Cobri muitos desfiles também o conservadorismo futurista de Gloria Coelho, as fantasias de Samuel Cirnansck, a malévola de Vitor Zerbinato, o romance de Rodrigo Rosner, a moda praia de Amir Slama, o tricô de Lolita Hannud, a nova iorquina cool de Marc Jacobs entre tantos outros.

            E foi graças a essa “cara de pau” que consegui realizar as duas últimas entrevistas de 2013, primeiro com Amir Slama que me achou através do texto, confesso a vocês que foi uma honra saber que ele leu o que escrevi sobre sua última coleção, isso ocorreu também com Rodrigo Rosner estilista o qual tive o prazer de assistir a estreia na SPFW, ele também me descobriu pelo texto para depois conceder entrevista.


            Houve ainda mais gente, entretanto o post vai ficar muito grande, deixo meus agradecimentos a Maythe Markowski, Julia Petit, Priscila Rezende, Carol Carneiro, Adriana Pinar, Nati Fernandes, Grazielle Araújo, Thais Helena Stephan, José Vitor Zerbinato, Pahola Ribeiro,Silvana Holzmeister, Valeska Nakad, Alexandre Perroca, Lia Leal e Vivian Whiteman por acreditarem no meu potencial e contribuírem de alguma forma para o crescimento do blog!


Vem 2014!

50 Anos do Golpe na visão de Zuzu Angel

Zuleika Angel Jones: Estilista, Militante e Pioneira

            2014 será um ano marcante, além da copa do mundo e das eleições presidenciais, em abril faz 50 anos que o Brasil foi tomado pela Ditadura Militar. Como forma de não passar em branco o Itaú Cultural homenageia uma das mais criativas estilistas do período: Zuzu Angel, que já foi vivida por Patrícia Pillar nos cinemas em 2006.


            Entretanto não é apenas uma exposição de moda, e sim um manifesto político, Zuzu utilizou de sua criatividade para denunciar os horrores do período mundo a fora. Isso ocorreu após seu filho Stuart Angel ser levado para os porões do regime. É interessante observar que a mineira foi uma combatente as avessas, utilizando-se de tecidos e cores ela conseguiu passar com eficácia a sua mensagem, inclusive sendo convidada para desfilar sua moda alegre e brasileira em Nova Iorque, em um período onde essa transição era inexistente, Elke Maravilha foi uma de suas manequins.



            Se o seu 1° desfile nos Estados Unidos foi alegre e colorido, o segundo mostrava a faceta mãe e contestadora da estilista. Com uma série de pássaros, sóis, animais engaiolados e trajando-se de preto a estilista mostrou que a alegria estava sendo tolhida e principalmente aprisionada. Atualmente é comum a moda servir de porta voz, mas naquele período não era por essa razão Zuzu foi uma estilista pioneira em muitos aspectos.

            Para celebrar essa genialidade, o Itaú cultural também organizará um desfile no 1° dia da exposição em abril, nessa apresentação haverá o lado moda através da reprodução de figurinos e também o lado militante com algumas cartas a serem encenadas.



(Fotos retiradas de Instituto Zuzu Angel e Hildegard Angel)

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

De Onde Vem a tendência por Patrícia Sant'Anna (Parte III)

“Qualidade é Obrigação”



            Se o público alvo é indispensável para uma coleção, as cores tem a mesma importância. Foi exatamente isso que Patrícia Sant’Anna expôs nessa parte final da sua palestra no Senac. A profissional disse que a definição de cor é importante e indispensável já que elas também passam informação assim como os tecidos e estruturas.

            Ela também destacou alguns itens importantes na construção de uma coleção. A qualidade, por exemplo, é uma obrigação que nem todos cumprem, e a criação que deveria ser o diferencial, também não é  explorada o suficiente, isso ocorre nas palavras de Patrícia por falta de referências sejam elas de outras culturas como a Vogue que explorou os ciganos, ou do mundo “natural” como Alexander McQueen que fez diversas coleções inspiradas em animais, flores e etc.




            Ela também descreveu a função de um coolhunting, é normal haver certa confusão quanto a função desse profissional no mundo da moda, entretanto Patrícia disse que ele não apenas detecta “coisas” nas ruas e sim sente o “espírito”, para ilustrar sua fala ela deu o exemplo de Lady Gaga e disse que não importa o que ela está usando e sim quem a imita.

            Finalizando a apresentação, Patrícia disse que nunca devemos esquecer o mercado, já que “criamos para os outros e não para nós mesmos”.


(Fotos retiradas de: Liberty e Comunidade de Moda)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

De Onde Vem a tendência por Patrícia Sant'Anna (Parte II)

“Moda é zeitgeist”


Foi utilizando essa palavra alemã que significa “espírito do tempo”, que Patrícia Sant’Anna explicou a construção da roupa como nos conhecemos e a importância da moda como um todo. Mas antes disso ela esclareceu que para construir uma roupa é preciso que se tenha uma série de estudos, e se você domina as técnicas é mais fácil ter inovação e invenção o que atualmente falta em muitas marcas.

Entretanto antes da roupa virar o que conhecemos e gostamos, ela passa por uma série de pesquisas que podem ser divididas entre tangíveis e não tangíveis, quando ela utilizou essas palavras tradução foi como sendo o que pode ser tocado ou não. Por isso ela disse que ter um “tecidoteca” é importante já que através do tecido a roupa pode “fluir” mais facilmente, outro ponto abordado foi a pesquisa de imagens, pois através da referência imagética pode-se enxergar uma nova estrutura ou até uma reinvenção do que já foi feito.

Para ilustrar o que dizia Patrícia comentou da coleção da Rhodia que atualmente faz parte do acervo do MASP. Através do publicitário Livio Rangan a petroquímica foi uma das incentivadoras de moda da década de 50,60 e 70, organizando desfiles na FENIT (Feira Nacional da Indústria Têxtil) para os desfiles a empresa convidava costureiros como Clodovil, Dener, Ronaldo Ésper que em parceria com artistas plásticos criavam looks especiais para o desfile, ela citou a Rhodia, pois há um vestido feito com o artista plástico Aldemir Martins inspirado em um campo de futebol, segundo ela para conseguir a textura foi utilizada uma mistura de tecidos que se assemelhava a grama dos estádios.



Esse exemplo serviu também para pontuar outra observação da estudiosa, ela afirmou com todas as letras que o fim não é a cópia e sim que o fim são as fontes pesquisadas. Para isso Patrícia reforçou a necessidade do “briefing” já que através dele é possível colocar algumas limitações na criatividade para ela justamente não sair sem rumo, além disso, ela destacou também a segmentação como algo importante. Pode ser um detalhe qualquer entretanto a roupa pode ser vista como uma revista portanto é importante saber com quem e para quem se está falando ou criando, já que o publico alvo não tem um corpo e muito menos uma cara, mas há algumas coisas que influenciam o público.

Patrícia salientou que a classe social e o comportamento são os fatores que mais influenciam o público, portanto tem que se estar atento a tudo. O que facilita essa atenção é o “brainstorm” nessa parte da palestra ela explicou rapidamente como é feito um mapa mental o que facilita muito a compreender o público e principalmente as roupas que eles usariam.



Como pode ser percebido até aqui, o assunto foi vasto e consistente. Por essa razão segunda feira tem mais definições e conceitos sobre como é feita uma pesquisa de moda. 

(Fotos retiradas de Infojoia e Fashion Stalker)

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

De Onde Vem a Tendência por Patrícia Sant'Anna

“As Ideias Não vêm do nada”

Patrícia Sant'Anna

            Foi exatamente assim que Patrícia Sant’anna explicou a pesquisa de tendências no Senac de São José Dos Campos. Entretanto antes desse ponto Patrícia explicou alguns pontos sobre como surgem às ideias na área de moda. Antes de tudo ela disse que a tendência não é um termo unicamente de moda, ele vem da estatística o que significa que além de estilo tendência tem um viés matemático importante.

            A maioria das pessoas acredita que o que sai na Vogue é tendência, a profissional deixou bem claro que não é. O que se vê na revista é o que ela chamou de lifestyle consolidado, isso se encaixa também na revista britânica Wallpaper que mistura moda, design e arquitetura propondo um estilo de vida aos seus leitores. Outro ponto desmistificado pela profissional foi o “feeling” isso segundo ela é um papo furado, pois como ela salientou “as ideias não vem do nada”. Um exemplo dado por ela e muito próximo a nós foi o do IPHONE 5S, a cor dourada foi escolhida para atingir o mercado chinês já que essa cor lá significa ostentação.





            A profissional ainda explicou que a tendência pode ser dividida em quatro estágios destinados a públicos diferentes. A pesquisa começa com um intervalo de três anos destinados a pesquisa têxtil e de pigmentos, posteriormente a essa pesquisa as marcas de confecção começam a pensar na roupa como um produto de varejo com um intervalo de dois anos, as fast fashion por sua vez trabalham com a diferença de um ano e o varejo como conhecemos trabalha com o intervalo de seis meses. Pode parecer um pouco confuso, mas para ter a roupa no armário ela demorou seis anos e meio entre a pesquisa têxtil e o varejo, é muito comum as pessoas não terem essa visão sobre a tendência, entretanto é um mecanismo importante para entender a moda e compreender o valor da peça.

            Patrícia ainda destacou que a inspiração nada mais é que uma construção, já que a moda se propõe a criar uma narrativa. Mas como criar essa narrativa? Ela disse que isso só se consegue praticando a criatividade já que ela tem que ser fomentada e praticada, já que criar pura e simplesmente não é uma invenção, e a inovação não é a mesma coisa.



            Assim como os posts de Daniela Falcão, Silvana Holzmeister e Karina Kotake esse também será dividido, já que Patrícia passou alguns conteúdos importantes principalmente na área de pesquisa de moda. Conteúdos muitas vezes ignorados por supostos “blogueiros” de moda, que só enxergam o produto final e não a pesquisa agregada a ele.

(Fotos retiradas de Tendere, Male Models Scene e Design Scene) 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Por Dentro Da Moda: Rodrigo Rosner ( Parte III)

“Ah Gente... Vai Lavar um Tanque De Roupa”


            E chega ao fim o meu bate papo com Rodrigo Rosner, nesse vídeo ele conta um pouco de seu processo criativo e além de mostrar suas peças favoritas nessa temporada.



Aproveito o espaço e agradeço novamente a Rodrigo, por toda atenção dispensada e pela tarde muito divertida. 

(Foto Retirada deRecriação)

Palavras De Moda: Palestra: Processo Criativo – das Referências ao Projeto Final

“Não Sei Quem é Prada”

Rose Andrade

            Essa foi a resposta de Espedito Seleiro, artesão de Nova Olinda depois de um desentendimento com a equipe de estilo de Miuccia Prada. Seria apenas uma história banal, entretanto ela estava em sintonia com a última palestra do evento Palavras de Moda, denominada Processo Criativo – Das Referências ao Projeto Final.

            Ministrada por Rose Andrade que há seis anos coordena o livro Inspiração Brasil + B da ABEST (Associação Brasileira dos Estilistas). A palestra foi iniciada com um patchwork, na realidade Rose começou explicando que há espaço e mercado para tudo. Não é a toa que a Prada veio ao Brasil em 2005 para realizar uma pesquisa em Nova Olinda, com o filho do sapateiro de Lampião e Maria Bonita. Um dos maiores desafios desse processo é justamente esse, olhar para o simples para as pequenas coisas como bem definiu Rose é “Ouvir a Voz do Coração”.




            Para conseguir chegar a criação de fato a profissional disse que é indispensável a observação, e que isso é um desafio já que é necessário que nos coloquemos no lugar do outro para tentar imaginar o seu desejo. Um exemplo disso foi um vídeo da Prada dirigido por Roman Polansky, Rose ainda salientou que nunca se falou tanto nessa palavra desejo.

            Entretanto há também o anti – desejo, nesse caso o objeto em si e não o seu marketing, como exemplo da “nova” criação a profissional destacou a coleção de Rei Kawakubo da Comme Des Garçons, na coleção destacada houve a criação de 22 looks independentes, ou seja, cada um era um desfile único com duração de 15 minutos, foi uma ideia genial pensar em uma coleção assim, já que nos leva a refletir será que a moda é unicamente consumo?




            Por fim Rose destacou também as apresentações de Rick Owens e Raquel Davidowicz da Uma na SPFW, ambas as marcas utilizaram a ideia de um corpo de baile ao invés de modelos comuns. Poderia até ser o caso de uma “cópia”, entretanto a profissional destacou algumas diferenças entre as coleções e fez alguns apontamentos sobre as marcas e principalmente a Uma, enquanto Rick provoca uma ruptura a cada coleção sem manter a continuidade, Raquel mantém o mesmo estilo minimalista e cada coleção sua é uma continuação da anterior o que provoca uma fidelização da clientela.



            Encerrando a palestra ela foi categórica em afirmar que o Brasil precisa parar de consumir o de fora, e valorizar o interno. Esse trabalho é justamente o que Rose desempenha na ABEST, para ilustrar isso ela passou um vídeo com um resumo das edições do Inspiração Brasil até o mais recente de Inverno 2014.

(Foto Retirada de ABEST

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Por Dentro da Moda: Rodrigo Rosner (Parte II)

“Eu não queria fazer uma coleção de 20 looks”



            E continuando meu bate papo com Rodrigo Rosner, nessa 2° parte da entrevista ele conta um pouco da sua coleção de inverno e também o porquê de não ter feito a ultima SPFW


(Foto retirada de: Elle)

Palavras de Moda: Moda e Comunicação – O Mercado de Luxo

“Luxo é Igual à Qualidade”



            E por fim, esta foi a penúltima mesa do evento Palavras De Moda. Depois de discutir o mercado editorial e a comunicação de moda no meio digital, faltava uma discussão do mercado de luxo, para isso o evento recrutou Simone Esmanhotto (editora da Veja Luxo e colaboradora do Woman’s Wear Daily), Adriana Marmo (jornalista freelancer da editora abril) e Suzy Okamoto para mediação.

Simone Esmanhotto
            Inicialmente houve uma apresentação geral delas, contando um pouco do trabalho individual para só ai entrar de fato no tema da mesa que era: Moda e Comunicação – O Mercado de Luxo, entretanto antes de tudo foi importante compreender a construção de uma revista voltada a esse mercado. Diferente de revistas como W, Vogue, Elle e Bazzar a Veja Luxo tem uma estrutura clássica de editorias: carros, roupas, viagens e comida, por causa dessa estrutura a revista tem que ser muito criativa para se “vender”.

Além disso, há outro fato interessante por ter a chancela Veja essa revista chegou com o intuito de “educar” o público quanto ao luxo, até 2005 como destacou Simone a publicação era uma enciclopédia de marcas caras, mas em 2011 houve uma virada editorial e no ano seguinte a revista que era chamada de Veja São Paulo: Luxo tornou-se a Veja Luxo atual ampliando seu alcance e área de influência. Uma diferença importante apontada pelas participantes foi como o luxo é encarado na Europa e no Brasil, enquanto na França ele não está conectado com dinheiro, por aqui é completamente o oposto.

Elas destacaram que o Brasil tem um potencial enorme no mercado de luxo por conta de suas artes manuais, entretanto para isso é necessária que haja uma “criação de moda”, fazendo uma rápida comparação elas disseram sobre o trabalho de Renato Ambroise e Martha Medeiros, ambos trabalham com rendas e artesanato, entretanto o trabalho de Martha segundo elas não tem design e criação de moda.


Suzy Okamoto

Sobre o papel da imprensa nesse mercado as três foram categóricas em afirmar que ela conta histórias, portanto o papel do jornalista é refletir o momento histórico para os leitores. Esse reflexo é visível na capa da Veja Luxo já que para revista ela é o chamariz assim como na Vogue, e quanto a informação Simone destacou que ela se atenta mais a detalhes que não são visíveis ao leitor, isto é alguma característica única que ele não compreendeu ou muitas vezes não percebeu.


Assim como toda revista a Veja Luxo também é suscetível a criticas, Simone disse que isso ocorre quando o leitor vê a qualidade, afinal não existe crítica se não houver qualidade. Não é a toa que ela e todas concordaram com a frase “Você Faz a Qualidade” que encerrou a discussão. 

(Fotos Retiradas de: Moda It, Roberta Salomone, Ideias Vestiveis e Que Roupa Vestirei)

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Por Dentro da Moda: Rodrigo Rosner (Parte I)

“A ideia da R.Rosner era ser uma marca de atacado”

Rodrigo Rosner

            E o ano encerra com mais uma edição do Por Dentro da Moda, dessa vez com Rodrigo Rosner que abriu seu ateliê para essa gravação. Nesse 1° vídeo ele conta algumas curiosidades de seu início como estilista, além de desmistificar o mito do intocável criador.

            Como todas as entrevistas do blog, essa também será repartida em três, já que houve muito assunto e também dicas a novos estilistas. 


(Foto retirada de Elle

Palavras de Moda: Mídias Digitais e Comunicação de Moda (Parte II)

“Ler é a Base de Tudo”


Com essa frase Karina Kotake terminou sua palestra no Centro Universitário Belas Artes. Entretanto antes ela pontuou alguns cases importantes que auxiliaram a refrescar a comunicação de moda no meio digital.

            Depois de Oscar De La Renta, Karina destacou o exemplo da camiseteria, uma marca de camisetas que tem um formato muito instigante de criação, não há um designer de superfície todas as estampas são enviadas voluntariamente por artistas, após isso esses trabalhos são postos em votação e os mais votados viram estampas nas camisetas.

            Se fosse só isso o site não seria esse sucesso, a profissional destacou outras características que tornam o site da Camiseteria um bom case, ela disse que o design e as ferramentas de otimização são uma característica diferenciada, além disso, há as palavras chaves que permitem uma pesquisa aprofundada no próprio site.



            Saindo dos cases, Karina salientou alguns itens importantes para a comunicação de moda no meio online. Ela disse que antes de tudo é necessário um conhecimento sobre o marketing digital e as ferramentas que o compõem, ela destacou a importância de um bom design, imagem e acima de tudo conteúdo. Pode parecer um detalhe pequeno, mas ele faz toda a diferença, assim como entender também o seu público alvo já que a internet como Karina salientou é uma ciência. 

(Fotos retiradas de: Facebook e Anne Mendes

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Um Mergulho Na Moda Da Piscina

Um Coletivo de Criação


            Uma das coisas mais interessantes em se trabalhar com a área de moda, é que todo dia tem alguma novidade. Esse é o caso da Piscina um coletivo de designers que propõem pensar moda sem caretices e muito menos presunção.

            A marca propõe uma filosofia divertida e acima de tudo sem preconceito, formada por: Ally Fukumoto, Camila Sato, Carolina Pinton, Carolina Sinigoi, Gustavo Palludo, Leandro Benites, Lucas Barros, Marina Cobucci, Moti  Estampado e Nina Grando, a piscina é uma divertida festa similar a de Rita Comparato e Dudu Bertholini na Neon, esse conceito fica nítido no “manifesto” já que não há apenas um estilo e sim vários.

            Não é a toa que a marca já foi tema de matéria para o FFW de Camila Yahn e Glamurama de Joyce Pascowitch, além de vender suas criações no Farfetch. Outro detalhe interessante é o processo de criação, ao invés de reuniões periódicas para definir o conceito, os designers se comunicam via facebook em um grupo fechado onde há discussões e trocas de ideias.


            Seguindo o mesmo conceito de uma loja colaborativa, a Piscina mostra ser possível a existência da convergência criativa na área de moda, onde muitas vezes um criador não divide suas experiências com o outro. Para seu lançamento a marca chamou Michelli Provensi que estrelou um editorial com o fotógrafo Rogério Cavalcanti e a stylist Flávia Brunetti.  Com uma linha coesa e acima de tudo moderna a piscina é um ótimo refresco no cenário de moda brasileiro. 


(Foto retirada do Facebook da Piscina) 

Palavras de Moda: Mídias Digitais e Comunicação de Moda (Parte I)

“É o Qualitativo atrelado ao Quantitativo”

Karina Kotake

            Foi assim que Karina Kotake definiu a relação entre mídias digitais e comunicação de moda. Por ser uma área nova não há ainda muitos especialistas, entretanto a fundadora do Kok Fashion Lab, explicou alguns pontos chave para compreender essa nova forma de comunicação e também o mercado que a consome.

            Para entender o mercado, Karina explicou inicialmente as diferenças entre os perfis de consumo de homens e mulheres, enquanto elas consomem por impulso e para impressionar outras mulheres, os homens são mais racionais por essa razão as estratégias são diferentes. Outro dado instigante apresentado foi que no ano de 2014 o Brasil se tornará o 5° maior mercado consumidor no ramo digital, por isso é necessário que se atrele a qualidade e a quantidade em um mesmo esquema.

Plataforma do crowdsourcing de Oscar de La Renta

            Entre os cases apresentados por Karina, estava o do Torra – Torra que desenvolveu um aplicativo para o Facebook onde os clientes escolhiam suas peças favoritas, posteriormente esse “case” se expandiu para as lojas através da “Arara Facebook” onde ficam os looks escolhidos na rede de Mark Zuckerberg, isso é apenas um exemplo da rapidez existente na comunicação digital. Porém há outros cases inclusive no ramo de beleza, a Smash Box, por exemplo, que se utiliza do engajamento de suas clientes para formular a lista de produtos, os 1° da lista são os que tiveram maior engajamento.

            Outra forma de entender esse público, segundo Karina é desenvolver aplicativos já que através deles é possível mensurar a aceitação de serviços ou produtos. Ela citou o case da Elma Chips que utilizou o facebook para “criar” um sabor novo da batata Ruffles. Karina ainda salientou que essa interação é muito importante já que faz a pessoa se pronunciar sobre o assunto e apontar os erros e acertos.

 Ela destacou Oscar de La Renta como uma pessoa que teve êxito nessa iniciativa, ele criou uma plataforma de crowdsourcing onde as pessoas mandavam fotos, vídeos e trabalhos artísticos. Após um período o estilista utilizou essas referências mandadas pelos clientes da marca para criar sua coleção “resort”. Seria suficiente, mas Oscar e Annette sua esposa também criaram uma escola de costura na República Dominicana, onde os alunos aprenderão a modelar e costurar, tal qual Oscar nos salões de Cristóbal Balenciaga em Paris. Como tem ocorrido nos últimos dias esse post também será dividido em dois, para não ficar cansativo e o assunto poder ser tratado em toda sua amplitude. 

(Fotos retiradas de: Casa de Criadores e Ponto Eletrônico)

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Palavras de Moda: O Novo Jornalismo de Moda por Silvana Holzmeister (Parte II)

“O equilíbrio de pautas garante o sucesso da edição”


            Até agora Silvana não havia explicado como era formatada uma revista de moda. Isso ocorreu quando ela comentou sobre o as edições, para isso a profissional fez um esquema visual.

            Pode parecer um pouco complexo a 1° vista, entretanto segundo Silvana esse é o molde básico para uma publicação de moda: (Consumo, Moda, Cultura, Ensaios de Moda, Beleza, Estilo de Vida)ela também salientou que embora fale de moda a revista também tem que falar um pouco de tudo, no Brasil isso acontece principalmente através das celebridades que são uma forma de “popularizar” o conteúdo para o público.

          Por fim a profissional destacou as diferenças entre as linguagens de blog e site, é um pequeno detalhe, entretanto faz todo o sentido já que a linguagem é a porta de entrada para o conteúdo, no blog como ela explicou se usa a 1° pessoa (Eu/Nós), enquanto em um site se usa a 3° pessoa (Você).


            Silvana ainda deu duas importantes dicas para quem quer trabalhar com moda na mídia digital, o excesso de adjetivos e a repetição empobrecem o texto, portanto é possível concluir que um texto pobre não é atrativo. 


(Fotos retiradas de: Blog In Voga, Fake Doll e Viver Brasil)

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Chanel: Pré - Outono 2014

Chanel viaja ao Texas e apresentando uma coleção estereotipada e confusa


            Gabrielle “Coco” e os Estados Unidos sempre tiveram uma relação de mútuo respeito. Não é a toa que madame foi contratada por estúdios de Hollywood para criar figurinos, e a imprensa americana aplaudiu a reabertura da Chanel em 1954 enquanto a europeia condenou dizendo que o estilo da marca não estava conectado com a linha H de Christian Dior.

            Pensando justamente em toda essa herança, foi que Karl Lagerfeld escolheu o Texas para apresentar a sua “pré” coleção de outono chamada de “Métiers d’ Art”, entretanto o que era para ser um desfile com elegância se tornou uma mistura indigesta de índios e colonos. Nada contra, é muito  interessante essa revisitação histórica, mas ela não precisava ser tão explícita, há outros prismas desse mesmo assunto para serem analisados. Porém Karl Lagerfeld resolveu ir pelo mais óbvio, então esqueça a sapatilha de bico preto e o casaco de tweed preto.


            O outono da marca será totalmente americano, com direto a aplicações e botas de cano alto e bico fino, outra característica muito forte nessa coleção foram os tricôs remetendo a cobertores e tapeçarias indígenas, além dos vestidos que mesclavam a elegância do preto com as cores fortes utilizadas pelos habitantes do oeste americano em suas vestimentas.  As calças também seguem o mesmo conceito, ao invés da alfaiataria precisa a arquitetonicamente correta o Kaiser apresenta nessa temporada uma boca de sino em tweed em um tom caramelo.

            Esse desfile realizado ontem é um bom exemplo de como o styling  desestrutura uma apresentação, acabou que o outono será totalmente Texas e menos Chanel, por falar nela por onde anda Gabrielle nessa coleção?




(Fotos retiradas de Style.com) 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Palavras de Moda: O Novo Jornalismo de Moda por Silvana Holzmeister

“Jornalismo de Moda no Brasil só fala bem”


            Essa foi uma constatação de Silvana Holzmeister no workshop ministrado no evento Palavras de Moda. É difícil admitir, porém ela tem razão, dividido em dois dias esse “curso” tinha como intuito passar algumas dicas básicas do “novo” jornalismo de moda para os participantes.

            Entretanto antes do conteúdo, a profissional explicou algumas peculiaridades desse mercado, como a interferência das assessorias de imprensa e os PR (Relações públicas) no fazer jornalístico de moda, essa interferência parece um detalhe qualquer, entretanto isso “mata” aos poucos a essência do jornalismo na moda. Silvana ainda destacou que os setores comercial e editorial não se “conversam” na versão impressa, porém ambos têm uma relação diferente no meio digital.


            Para realçar essa diferença ela citou o caso dos “jabás”, na visão da profissional a marca não manda o produto por ser “Amiga” do veículo e sim para divulgar, portanto é imprescindível que haja uma diferenciação entre o “presente” e o trabalho, o que não ocorre com frequência no meio online. Após esses detalhes Silvana se ateve a parte “estrutural” da profissão, destacando a importância da pauta, afinal tudo começa por ela. Um dos principais desafios apontados na construção de uma revista segundo a profissional é descobrir novos olhares e ideias, já que uma reunião de pauta não é apenas a opinião da editora e sim de todos os jornalistas que traçarão a temática da edição e criarão suas respectivas pautas.

            Silvana ainda ressaltou algumas características da pauta para o jornalismo de moda, a 1° regra é perceber para quem seu veículo fala, será para uma leitora ou leitor no mesmo nível de Elle, Vogue o Bazzar? Isso na moda é imprescindível já que a moda só se torna moda quando é massificada, outra dica importante sobre o assunto é entender em qual eixo o seu veículo se encontra para isso ficar mais claro ela fez um esquema:

Revistas de Design/Moda/Bureaus de Estilo... Vogue... Blogueiros

            Segundo esse esquema, significa que a moda não começa na revista Vogue que apenas adianta a tendência, e sim que ela começa nos Bureaus de estilo e principalmente em revistas que mesclam conteúdos, entre essas publicações é possível destacar a revista britânica Wallpaper.

Após esse lado técnico, Silvana salientou que uma matéria perfeita segue o formato circular, onde o fim conversa com o início, em jornal pode ser um pequeno detalhe, entretanto em uma revista isso é fundamental para manter a continuidade e fluidez da narrativa empregada. O curso teve duração de dois dias, portanto esse texto também terá já que houve muito conteúdo, e muitas explanações sobre o atual jornalismo de moda.

(Fotos retiradas de Circolare e Blog In Voga)