Carlos
Miele apresenta uma moda contextualizada e conceitual em meio à futilidade
Como vocês devem ter lido ontem o
Fashion’s Night Out de 2013 não foi o melhor evento, porém no tabuleiro da
Vogue havia o esperado desfile de Carlos Miele que aproveitou a ocasião para
desfilar o verão 2014. Há 10 anos o estilista não apresentava suas coleções em
São Paulo, depois de participar de inúmeras edições do SPFW e Morumbi Fashion Brasil
com a sua marca M.Officer. Em 2000 o estilista decidiu vender sua marca e
apostar no seu nome para a internacionalização, o que de fato foi uma aposta
segura de grande sucesso, levando o designer a apresentar suas coleções no
Mercedes Benz Fashion Week em Nova Iorque e vender suas peças em diversos
países, além de conquistar uma clientela famosa de Beyoncé Knowles á Sarah
Jessica Parker.
Com um currículo desses não é de se
estranhar que seu desfile seria muito concorrido. Utilizando-se da loja Tools
and Toys o estilista apresentou uma coleção madura, moderna e principalmente
jovem, a escolha da loja não foi mero acaso já que inspirado pelo diretor
Frederico Fellini e o filme “La Nave Va” o estilista queria um barco de cenário
e a loja representa o grupo italiano Ferreti especializado nesse item. Esse
instinto se refletiu nas roupas apresentadas que mixaram com maestria
referências antagônicas como croppeds, boyish, minissaias e looks esportivos.
Lendo pode parecer confuso, porém
visualmente fazia todo o sentido, o estilista criou para essa estação uma linha
de roupas intercambiáveis isto é as peças se combinavam umas com as outras criando
visuais diferentes para todas as ocasiões, isso se fez presente em um look de
shorts jeans e vestido brilhante criando um visual ideal para festas e outras
ocasiões noturnas. Outro ponto de destaque no trabalho de Carlos Miele for a
utilização certeira de transparências e amarrações criando uma ilusão de um
corpo livre, porém preso.
A
1° vista parecia que as mulheres do estilista eram verdadeiras sereias que com
toda graça e feminilidade estavam presentes na passarela, destaque também para
as calças largas estilo baggy se na década de 80 elas eram conectadas a MC
Hammer e derivados em 2013 as mesmas calças aparecem refinadas através de
tecidos nobres e principalmente cortes que valorizam o corpo como um todo. a estrutura
também foi um ponto forte na coleção aparecendo principalmente em vestidos de
festa e em peças de couro como casacos. Outro ponto de destaque foram os
vestidos longos se utilizando da assimetria e tecidos leves como seda eram
perfeitos para ocasiões especiais, seria o suficiente para uma coleção digna de
aplausos, porém o estilista foi além trazendo um casting estrelado e especial
para o desfile que contou com Carol Ribeiro, Fabiana Mayer, Renata Kuerten,
Carol Francischini e Ana Cláudia Michels.
Se
o evento em si não foi o melhor do ano, Carlos Miele provou em 32 looks que é
possível apresentar um conceito profundo e interessante em meio à futilidade existente
nesse tipo de evento. Meus sinceros parabéns ao estilista e sua equipe.
(Fotos retiradas de: Chic)
(Fotos retiradas de: Chic)
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