“Não
Sei Quem é Prada”
Rose Andrade |
Essa foi a resposta de Espedito
Seleiro, artesão de Nova Olinda depois de um desentendimento com a equipe de
estilo de Miuccia Prada. Seria apenas uma história banal, entretanto ela estava
em sintonia com a última palestra do evento Palavras de Moda, denominada
Processo Criativo – Das Referências ao Projeto Final.
Ministrada por Rose Andrade que há
seis anos coordena o livro Inspiração Brasil + B da ABEST (Associação
Brasileira dos Estilistas). A palestra foi iniciada com um patchwork, na
realidade Rose começou explicando que há espaço e mercado para tudo. Não é a
toa que a Prada veio ao Brasil em 2005 para realizar uma pesquisa em Nova Olinda,
com o filho do sapateiro de Lampião e Maria Bonita. Um dos maiores desafios desse
processo é justamente esse, olhar para o simples para as pequenas coisas como
bem definiu Rose é “Ouvir a Voz do Coração”.
Para conseguir chegar a criação de
fato a profissional disse que é indispensável a observação, e que isso é um
desafio já que é necessário que nos coloquemos no lugar do outro para tentar
imaginar o seu desejo. Um exemplo disso foi um vídeo da Prada dirigido por
Roman Polansky, Rose ainda salientou que nunca se falou tanto nessa palavra
desejo.
Entretanto há também o anti –
desejo, nesse caso o objeto em si e não o seu marketing, como exemplo da “nova”
criação a profissional destacou a coleção de Rei Kawakubo da Comme Des Garçons,
na coleção destacada houve a criação de 22 looks independentes, ou seja, cada
um era um desfile único com duração de 15 minutos, foi uma ideia genial pensar
em uma coleção assim, já que nos leva a refletir será que a moda é unicamente
consumo?
Por fim Rose destacou também as
apresentações de Rick Owens e Raquel Davidowicz da Uma na SPFW, ambas as marcas
utilizaram a ideia de um corpo de baile ao invés de modelos comuns. Poderia até
ser o caso de uma “cópia”, entretanto a profissional destacou algumas diferenças
entre as coleções e fez alguns apontamentos sobre as marcas e principalmente a
Uma, enquanto Rick provoca uma ruptura a cada coleção sem manter a continuidade,
Raquel mantém o mesmo estilo minimalista e cada coleção sua é uma continuação
da anterior o que provoca uma fidelização da clientela.
Encerrando a palestra ela foi
categórica em afirmar que o Brasil precisa parar de consumir o de fora, e
valorizar o interno. Esse trabalho é justamente o que Rose desempenha na ABEST,
para ilustrar isso ela passou um vídeo com um resumo das edições do Inspiração
Brasil até o mais recente de Inverno 2014.
(Foto Retirada de ABEST)
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